Paranaense Siegfried Gunther Fischer nasceu em Ponta Grossa e é considerado pioneiro da Ginástica Artística no Brasil. Antes da invenção, atletas faziam salto em aparelho propício a lesões. Professor fala sobre evolução dos equipamentos da ginástica artística
O salto sobre a mesa, uma das modalidades da ginástica nas Olimpíadas, garantiu à Rebeca Andrade uma medalha de prata. O aparelho utilizado no esporte é criação de um paranaense: Siegfried Gunther Fischer.
Natural de Ponta Grossa, nos Campos Gerais do Paraná, Fischer foi um ginasta e engenheiro, considerado pioneiro da Ginástica Artística no Brasil, além de ser o responsável por projetar a mesa de salto.
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Na modalidade, os atletas correm, pulam em um trampolim e apoiam as mãos na mesa para impulsionar um salto e realizar acrobacias.
O professor Marco Antonio Coelho Bortoleto, coordenador do Grupo de Pesquisa em Ginástica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), explica que, antes da criação de Fischer, o aparelho usado pelos atletas era parecido com o cavalo com alças utilizado por atletas masculinos.
Antes da criação de Fischer, aparelho usado pelos atletas era parecido com o cavalo com alças
Alexandre Loureiro/COB
Porém, a área do equipamento disponível para os atletas apoiarem as mãos era considerada muito pequena: 35 centímetros de largura por 1,60 metro de comprimento. Isso passou a gerar uma preocupação com a segurança dos atletas.
“A partir do final da década de 90 todo mundo começou a pensar que ele era um pouco perigoso, porque tinha uma superfície de contato muito pequena. O lugar de apoiar as mãos era muito estreito e isso vinha gerando alguns acidentes. A partir dessa observação que começa toda a busca por um novo instrumento para poder saltar”, explica o pesquisador.
Nesse contexto, o paranaense começou a pensar em um novo modelo de equipamento e em 1995 apresentou um protótipo. Veja um dos esboços feitos por ele:
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Proposta de protótipo da mesa de ginástica feita por Siegfried Fischer
Coleção da família/Cedida por Erlo Fisher a Marco Antonio Coelho Bortoleto
Fischer, que integrava a Federação Internacional de Ginástica (FIG), apresentou a proposta para o novo equipamento e o cavalo foi substituído pela mesa em 2001.
O paranaense morreu em 2003 e não teve a oportunidade de ver a criação em uso em uma Olimpíada: a mesa passou a ser utilizada nos Jogos Olímpicos a partir de 2004.
Bortoleto explica que a ginástica vivia um momento de “tentativa de criação de saltos mais difíceis” e a evolução do equipamento foi um passo fundamental para isso. Além da segurança para os atletas, ela permite uma maior variedade de saltos.
Salto de Rebeca Andrade na mesa de salto durante as Olimpíadas de Tóquio
Loic Venance/ AFP
O aperfeiçoamento do equipamento aconteceu em um contexto de desenvolvimento da tecnologia na ginástica, que se iniciou no fim dos anos 1970, mas que se acentuou a partir dos anos 1990.
“Os equipamentos de ginástica eram de madeira, couro, aço e tecido, só. Hoje, a gente está numa tecnologia que é muito mais sofisticada, que inclui fibra de vidro, fibra de carbono, plásticos flexíveis, combinados de espuma que têm diferentes tipos de flexibilidade. Ou seja, a tecnologia tornou tudo flexível e, no fundo, isso gerou a possibilidade de fazer uma ginástica mais espetacular”, define Bortoleto.
Siegfried Fischer nos Jogos Panamericanos na Cidade do México em 1955
Nelson Rubens Saul/Cedida; Grupo de Estudos sobre Cultura e Corpo/Centro de Memória do Esporte/UFRGS
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