Brasileira no Marrocos teve que arrombar porta de hotel para fugir durante terremoto: ‘Efeito de adrenalina no corpo’


Mariana Schultz, moradora de Curitiba, está em Marraquexe com o namorado paranaense, João Ricetti. Casal precisou se esconder embaixo do colchão no momento do abalo sísmico. Veja relato. Brasileira teve que arrombar porta de hotel para fugir durante terremoto no Marrocos
A brasileira Mariana Stafin Schultz, de 25 anos, teve que arrombar a porta do hotel em que estava para fugir durante o terremoto que abalou Marrocos na noite de sexta-feira (8).
Ela mora em Curitiba, no Paraná, e está com o namorado curitibano João Henrique Zahdi Ricetti, de 34 anos, em Marraquexe, cidade que mais sentiu os efeitos do abalo sísmico. Saiba mais abaixo.
O terremoto teve magnitude 6,8, considerada forte e capaz de produzir grandes estragos. Até a última atualização desta reportagem, eram mais de 1.300 mortos e mais de 1.800 feridos (pelo menos 721 em estado crítico). Não há notícia de brasileiros entre os mortos e feridos.
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João é paleontólogo e está participando da 10ª Conferência de Geoparques Mundiais da Unesco, representando o Centro de Pesquisa Paleontológica da Universidade do Contestado de Mafra (SC), onde mora atualmente.
Mariana é fisioterapeuta e foi para Marrocos para passar uns dias com o namorado antes de partir para um intercâmbio nas Ilhas Canárias, na África.
O casal brasileiro conta que sentiu os efeitos do terremoto por volta das 23h10, quando estavam quase adormecendo. Eles estavam no quarto de um hotel, no centro histórico da cidade.
Primeiro, eles ouviram o barulho. João conta que achou que era um grande caminhão passando pela rua, enquanto Mariana pensou que alguém estava arrombando a porta.
Logo depois, sentiram os tremores de terra. Neste momento, João, que é geocientista, percebeu que se tratava de um terremoto.
“Nisso a gente já pulou da cama e foi para perto do arco [estrutura do quarto] e o João puxou um colchão que estava perto do sofá para cima da gente e ali a gente ficou. A minha sensação é que durou, sei lá, um ou dois minutos, talvez até tenha sido menos, mas na minha percepção foi isso”, conta Mariana.
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Fuga do prédio
Porta arrombada pela brasileira Mariana
Foto cedida por João Henrique Zahdi Ricetti
Quando o casal viu poeira caindo, pelo fato de a construção ser antiga, eles perceberam que era hora de sair do prédio.
Juntaram poucos pertences e saíram, mas quando chegaram à porta perceberam que ela estava trancada. Segundo eles, o atendente do hotel saiu para ver como a família estava e a porta acabou ficando fechada.
“Era uma porta daquelas centenárias, de três metros de altura, feita de madeira maciça, pesadíssima. Eu pensei: ‘Meu Deus!’. Mas aí a Mariana não fez outra, puxou e começou… ela realmente arrombou a porta com as mãos! Uma força descomunal, uma coisa que eu nunca vi antes, ela conseguiu abrir a porta em poucos segundos”, conta João.
Ele lembra que primeiro tentou achar a chave, mas, quando voltou, a namorada já tinha conseguido abrir a porta.
“Isso é efeito de adrenalina no corpo, isso acontece. Quando você vê, você já tá pra fora”, justifica Mariana.
Cenário de desespero
Marraquexe neste sábado (9)
Foto cedida por Mariana Stafin Schultz
Depois de saírem do prédio, ambos correram para a praça central, onde já havia uma multidão e muitas pessoas feridas.
“A gente se deparou com cenas bem tristes mesmo, de pessoas sangrando, de pessoas em desespero, porque não sabiam o que estava acontecendo com a família. A gente se sentiu bastante vulnerável”, recorda Mariana.
Na praça, o casal encontrou brasileiros e todos foram juntos encontrar outro grupo de brasileiros, que estava em um hotel fora da região histórica e não havia sofrido danos visíveis. A caminhada foi de cerca de 2 quilômetros, segundo eles.
“A gente fez um grande acampamento brasileiro e com isso a gente sentiu acolhimento”, conta o casal.
Eles passaram o restante da noite no local e depois voltaram ao hotel em que estavam hospedados para buscar os seus pertences.
“Estava com bastante escombro na entrada, porque caiu grande parte do muro da entrada”, lembram.
Marraquexe neste sábado (9)
Foto cedida por Mariana Stafin Schultz
O que fica da experiência
Neste sábado (9), João e Mariana encontraram outro hotel para ficar, longe da área histórica de Marraquexe. Eles saíram ilesos do terremoto, mas sentiram os efeitos da experiência.
“Sinceramente, eu acho que a gente ainda não tem noção do que a gente se livrou, porque eu acho que devem estar havendo buscas ainda de pessoas que devem estar soterradas em regiões próximas de onde a gente estava”, diz Mariana.
Para João, a experiência foi a vivência prática do que ele sempre apenas leu em livros.
“Com certeza, eu não verei o mundo mais da mesma forma, além desse aspecto humano, dessa necessidade de conexão, […] quando falam sobre terremoto […] agora tem outro significado também”, aponta.
Mariana está com o namorado João em Marraquexe e teve que arrombar a porta do hotel para o casal conseguir fugir
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